Hoje é um daqueles dias em que o peito parece pesado demais.
Talvez seja tristeza, talvez mágoa…
eu realmente não sei ao certo o que sinto nesse exato momento.
Só sei de uma coisa: sinto sua falta.
Eu sempre soube, lá no fundo, que isso teria um fim.
Era a minha única certeza.
Mas, sinceramente, eu nunca imaginei que fosse desse jeito.
Mal tive tempo de me explicar, de colocar em palavras tudo o que passava dentro de mim.
E você…
você não se dispôs a me compreender.
Apenas foi embora.
Esse ano foi um mar de sentimentos.
Houve momentos de alegria, de esperança, de medo, de coragem.
Mas o pior de todos e o mais doloroso, foi o abandono.
Ser abandonada por você foi como sentir o chão se abrir debaixo dos meus pés.
Eu queria ter tido a mesma coragem que você teve para ir embora.
Não me faltaram oportunidades.
Mas o meu amor por você foi maior.
Por isso, eu fiquei.
Faz só dois dias que meu celular toca e não é você.
Dois dias.
Parece pouco tempo, eu sei.
Mas quando se sente saudade, dois dias viram um abismo.
A ânsia que eu tinha em ouvir sua voz todas as noites deixou um vazio que nada consegue preencher.
Você sabe que eu não bebo, não fumo…
então, nesses últimos dias, tenho me embriagado nas páginas do meu livro,
como quem tenta se esconder da própria dor.
Adormeço com o Kindle na mão e, ao acordar, ele ainda está ali,
como uma lembrança silenciosa das horas que passei tentando fugir de mim mesma.
Hoje, o dia começou com um nó na garganta que parecia me sufocar.
Sabe aquela sensação de que o ar não entra,
de que algo está preso dentro de você e não consegue sair?
Foi assim que me senti ao levantar.
Passei o dia cercada de gente, com as minhas clientes,
e por alguns instantes consegui esquecer.
Mas na hora do almoço, quando me vi sozinha,
as lágrimas vieram sem pedir licença.
Elas foram minhas companheiras amargas na mesa.
Mal consegui terminar minha refeição.
Logo depois, sequei o rosto, respirei fundo e voltei a fingir que estava tudo bem.
Agora, no silêncio da noite, escrevo esta carta.
Não sei se algum dia você vai lê-la.
Talvez fique só entre mim e o papel ou entre mim e este teclado.
Mas escrever é o que me resta para não deixar que tudo isso me sufoque de vez.
Eu não sei o que vai ser de amanhã.
Não sei se a saudade vai diminuir ou se vai aumentar.
Mas hoje, agora, só consigo sentir que algo em mim foi arrancado.
E essa falta, esse vazio, grita dentro de mim.
Com amor,
Flávia.
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